Educadores: Como observar mais e melhor

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Sabe-se que o papel do guia Montessori, embora não seja central, é importantíssimo. A preparação de um ambiente que promove aprendizagem e experiências que vão de encontro as necessidades da criança só é possível depois de observação acurada.

“You well know that the teacher in our method is more of an observer than a teacher, therefore this is what the teacher must know, how to observe” (Dr. Montessori’s Own Handbook – p.14)
Traduzindo o que Maria Montessori disse:

“O professor em nosso método é mais um observador do que um professor, portanto, isso é o que o professor deve saber, como observar.”

Observar pode ser desafiador. Na maioria das vezes é um hábito negligenciado entre educadores, seja por “falta de tempo”, ou simplesmente por não ser um elemento da educação tradicional. Todavia, é um dos elementos chave da educação Montessori, é o que o torna um método científico. Os estudos e feitos de Maria Montessori são embasados na observação da criança e sua interação com o ambiente.

Durante meus estudos no Hope Montessori Educational Institute, aprendi lições valiosas sobre observação. Compartilho aqui algumas dessas lições com educadores e pais:

1. Objetividade

Observe sem “julgar”. Coloque na prateleira sua preocupação com a “bagunça” que pode acontecer e a possível reação de outros. Esteja ciente de seu próprio preconceitos. Deixe de lado, da melhor forma possível, qualquer ideia pré concebida. Ao observar, tome nota dos fatos. Escreva somente o que você vê de forma literal, não faça inferências.

2. Especificidade

Esteja à procura de detalhes específicos, como por exemplo, o número de crianças e adultos envolvidos, os tipos e quantidades de materiais e o período de tempo da atividade. É impossível observar tudo ao mesmo tempo, portanto, escolha qual será o foco da sua observação. Alguns exemplos reais são: “O que a Maria faz/reage antes de morder um colega?” / O Pedro consegue completar o ciclo de uma atividade? Há começo e fim? / Quais sinais de prontidão demonstram que a Lana está preparada para o próximo ciclo? / Quais áreas de independência precisam ser nutridas no Lucas?

3. Franqueza

Escreva citações diretas o máximo possível. Você enquanto observador pode ouvir e gravar o que as crianças dizem. Mantenha o conteúdo genuíno. Não adicione ou remove informações dadas pelas crianças.

4. “Clima” do ambiente / Contexto

Descreva os detalhes sociais e emocionais da situação. Estes incluem, mas não estão limitados, ao tom de voz, linguagem corporal, expressões faciais, gestos com as mãos e outras informações não-verbais. Todos esses “sinais” podem dizer muito sobre uma situação.

5. Plenitude

Ao descrever incidentes, inclua início, meio e fim. O registro completo descreve a configuração, quem estava envolvido, as ações que conduziram certa ocorrência, as respostas, as interações e o final. Esforce-se para ter registros completos.


Maria Montessori afirmou “Meu método é científico, tanto em sua susbtância quanto em seu objetivo.”

Em outras palavras, se observação científica não faz parte do seu trabalho, você não pode se auto proclamar um educador Montessori. Aliás, todo educador deveria observar!

Você faz observações diárias na sua sala de aula? Se não, comece já!

Papai e mamãe, você já parou para refletir no que o seu filho/filha está querendo te mostrar? O que está por trás das suas palavras e ações?

No próximo post, veremos o que fazer com a observação. Quais passos tomar após ter observações escritas?

Até lá!



Referências

Montessori. Maria (1965). Dr. Montessori’s Own Handbook. New York: Schocken Books.