Sobre bebês • Linguagem (Parte 2)

Banner_Blog_Montessori_BebesLinguagem_2.png

Desenvolvimento de Linguagem e Comunicação

It is of crucial importance to train adults who are with the children in this period. If they understand that there is a “sensitive period for naming things” and respond to the hunger for words in an appropriate way, they can give their children a richness and precision of language, that will last a lifetime, and which represents a relevant, qualitative difference in their comprehension of reality.”
— Montanaro, 1991

No último post falamos sobre o desenvolvimento de linguagem durante o primeiro ano de vida. Verificamos o que esperar do seu bebê em cada mês, e o que você pode fazer para elevar o desenvolvimento da fala. Para saber mais sobre o período pré-linguístico, leia o post completo aqui

 O próximo período de desenvolvimento de linguagem é o Período Linguístico, ou seja, a fase locutória ou parpalatória. A mesma desenvolve-se em dois segmentos. O primeiro acontece dos 12 a 20 meses, e o segundo dos 20 aos 36 meses. 

Durante o período de 12 a 20 meses, o adulto precisa participar de forma ativa no desenvolvimento de linguagem do seu bebê. É comum para mamães utilizarem de uma voz mais suave ou aguda ao comunicarem com seu bebê. Todo adulto precisa ser intencional ao comunicar-se com o bebê. Fale devagar, de forma que crie uma leve pausa entre as sílabas, em inglês, chamamos isso de “motherese”. Não é um problema reduzir as palavras, se simplificar irá transmitir a mensagem melhor. Brinque de mudar o tom da voz para que o bebê experimente trabalhar vários movimentos da língua. Brinque de repetição silábica; Quando seu bebê falar “ma-ma”, adicione outra sílaba com um fonema diferente ou novo, por exemplo: “ma-ma-pa!” e vá mudando e/ou adicionando para tornar a brincadeira mais divertida e interessante para seu bebê.

Durante o segundo estágio do período locutório, o bebê é capaz de expressar-se utilizando diversas categorias:

  • Possessão: “brinquedo, João!”

  • Agente e ação: “Mamãe, aqui!” “Mamãe, em cima” Mamãe eu quero

  • Negação: “não quer”

  • Desejos: “mãe, quero mais”

  • Desaparecimento: “acabou!” / “tá faltando!”

  • Perguntas: Cadê o papai?” / “Quer pegar?”

  • Imperativos: “me dá” “me dá o copo”; “me dá o brinquedo”

    A reprodução de vários sons ainda é um desafio para vários bebês e a pronúncia correta de algumas consoantes são desenvolvidas mais tarde. Eles ainda têm dificuldade de controlar de forma acurada os movimentos dos lábios, língua, palato, dentes e laringe -  órgão responsável pela fonação.  

Durante essa fase, não corrija a criança mas modele de forma clara e precisa. Brinque de rimas, cante canções que isolam e focam num fonema específico. Articulação e memória são aprimoradas através de prática e dependem da maturação entre conexões do cérebro e do aparelho fonador.

Eis algumas sugestões de rima que você pode falar e brincar com seu bebê:

Salada, saladinha

bem temperadinha

sal, pimenta, fogo, foguinho!”

“Pau, pique,

rique, fora!

Pica, pica carambola

Este dentre, este fora!

 “Pula, pipoca

Maria Sororoca!

Rebenta, pipoca

Maria Sororoca!”

 “Santa Clara clareou,

São Domingos alumiou

Vai, chuva! Vem, sol!

Pra secar o meu lençol!”

 “Chove, chuva, chuvisquinho,

Sua calça tem furinho!

Chove, chuva, chuvarada,

Sua calça está furada!

"É de importância crucial treinar adultos que estão com as crianças neste período. Se eles entenderem que há um “período sensível para nomear coisas” e responder à fome de palavras de maneira apropriada, eles podem dar a seus filhos uma riqueza e precisão de linguagem, que durarão por toda a vida, e que representam uma relevante, diferença qualitativa da sua compreensão da realidade.” – Silvana Montanaro

O que fazer para promover uma experiência de linguagem que é rica e benéfica para seu bebê? Eis algumas dicas:

  • Self-talk:  pratique um monólogo! descreva as ações que você está fazendo; ao preparar um lanche para o bebê ou tirar alguns blocos para ele brincar, descreva para o bebê o que você está fazendo e como você está fazendo. O momento de troca de fralda e de se vestir é uma oportunidade maravilhosa de praticar isso. “Você vai vestir suas calcas agora, primeiro a sua perna direita, agora a perna esquerda. Ok! Vamos vestir a sua blusa/camiseta, primeiro o pescoço ... finamente, vamos colocar os sapatos...”

  • Conversas paralelas: dê palavras, ofereça vocabulário que descrevem as ações do bebê. Ex: o bebê joga um bloco e grita. “Você está frustrado, encaixar o bloco pode ser difícil, eu entendo.” faça o mesmo em situações que expressam emoções. Ex: o bebê sorrir e dar uma gargalhada. “Você está feliz! Que sorriso bonito / que gargalhada gostosa! Você parece está feliz!

  • Perguntas Socráticas: faça perguntas que abrem o diálogo, nos chamamos isso de “open-ended questions”, são perguntas que não requerem um sim ou não. Ao invés de perguntar, “Você gostou do zoológico?”, pergunte: “Quais animais você viu no zoológico?”

  • A musicalização aprimora o desenvolvimento de linguagem: cante muito! Palavras que rimas, canções de ninar, canções com palavras repetidas, cujos gestos repetem-se também, canções com palavras interessantes, canções que contam uma estória! Ha tantas opções!

  • Encoraja o amor por livros: crie uma rotina de leitura antes de dormir, gentilmente peça para o bebê virar a pagina do livro, crie seus próprios livretos


Bibliografia

  • Montanaro. Silvana. (1991) Understanding the Human Being: The importance of the first three years of life.

  • Healy. Jane. (1994) Your child’s growing mind: A guide to learning and brain development from brith to adolescence.

  • Rimas e Parlendas extraídas do livro “Salada Saladinha: Parlendas” de Maria José Nóbrega e Rosane Pamplona


 

Montessori Child oferece consultas individuais, bate-papo com pais e/ou grupo de educadores e outras comunidades interessadas na Educação Montessori.